Fungo assassino de “The Last of Us” vale mais que Bitcoin e serve até como viagra

Publicado em 11/04/2025 · Categoria: Economia

📰 Nota: Este conteúdo foi republicado automaticamente de www.infomoney.com.br. Confira o original em: clique aqui.


O fungo Cordyceps sinensis é o temido vilão da série da HBO “The Last of Us”, cuja segunda temporada estreia neste domingo (13). Na ficção, ele invade o corpo humano, destrói as células e transforma suas vítimas em zumbis assassinos. Na vida real, porém, esse organismo é bonzinho – pelo menos para as pessoas. Graças às suas propriedades medicinais, ele ajuda no combate ao câncer, tem efeitos afrodisíacos e apresenta outras mil e uma utilidades. Raro, ele também chama atenção pelo preço: cerca de 450 gramas do produto podem chegar a US$ 136 mil, quase o dobro da cotação atual do Bitcoin (BTC).

O poder desse organismo – registrado pela primeira vez em 1694, na China – se deve a uma série de compostos presentes em suas diferentes formas, com capacidades antioxidantes, anti-inflamatórias, neuroprotetoras, redutoras de colesterol, entre outras, segundo o phD em Microbiologia Edvaldo Antonio Ribeiro Rosa, que é professor na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

“Existem evidências recentes (dos últimos cinco anos) de que o Cordyceps sinensis, assim como outras espécies de Cordyceps, pode agir positivamente como adjuvante (não como fármaco principal) em casos de câncer de pulmão e de mama, além de proteger os rins através de mecanismos imunomodulatórios e hipolipidêmicos e regular condições de estresse, podendo ser empregado como tratamento complementar da depressão”, explicou o professor Edvaldo Antonio Ribeiro Rosa, professor titular de Microbiologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Por que o Cordyceps é caro?

O Cordyceps sinensis é encontrado no solo de pradarias em altitudes entre 3.500 e 5.000 metros, principalmente nas províncias de Qinghai, Sichuan, Yunnan, Gansu e Tibete, segundo o livro Herbal Medicine – Biomolecular and Clinical Aspects. Nessas regiões, o fungo é conhecido como “viagra do Himalaia”.

Esses locais, no entanto, tem sofrido com a exploracão, o que tem afetado a produção e preço – e tirado a vida de muita gente. No ano passado, mais pessoas morreram procurando o fungo do que escalando o Monte Everest, segundo reportagem da Bloomberg publicada em fevereiro.

O Dalai Lama – líder budista – chegou a classificar a atividade como uma crise que incentiva a violência. Houve relatos de gangues formadas exclusivamente para a coleta, com roubos, assassinatos e até uso de trabalho infantil.

Em artigo publicado em 2008, pesquisadores relataram que, em meio a essa exploração, o rendimento do C. sinensis natural da China diminuiu em mais de 90% nos últimos 25 anos. Por causa disso, escreveram, o preço disparou para mais de 200.000 Renminbi (RMB) por quilo (aproximadamente US$ 25.000 em 2007), e seu uso passou a ser limitado por conta da oferta restrita. Hoje, segundo apuração da Bloomberg, 450 gramas do fungo podem custar US$ 136 mil em mercados de luxo em Pequim.

De acordo com estudo da Universidade da Massachusetts, nos Estados Unidos, a produção anual de Cordyceps movimenta cerca de US$ 11 bilhões por ano.

Variações e consumo no Brasil

Diante da escassez e do alto custo, outras espécies do gênero Cordyceps passaram a ser usadas também, como C. militaris, C. liangshanensis, C. gunnii e C. cicadicola. Segundo a literatura especializada, existem cerca de 350 espécies conhecidas do gênero Cordyceps no mundo todo.

Algumas delas são cultivadas em laboratório, o que reduz significativamente os custos. No Brasil e em outros países, é possível encontrar o produto na forma de cápsulas vendidas em farmácias, lojas de produtos naturais e no comércio eletrônico a partir de R$ 50. Na China, o C. sinensis foi oficialmente registrado como uma droga herbal. Tradicional, é usado há mais de 300 anos para tratar fadiga, tosse, disfunção sexual e problemas renais.

No Brasil, explica o professor Rosa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite que a espécie seja comercializada como suplemento alimentar, mas não como medicamento. Isso significa que ele não está sujeito à regulamentação mais rigorosa aplicada a fármacos.

No geral, o uso é considerado seguro, mas há ressalvas. “No caso do emprego de C. sinensis e de outras espécies, muita informação sobre aspectos terapêuticos vem sendo obtida e a ampla maioria dos estudos (ECR, RS e metanálises) mostra que os benefícios podem potencialmente justificar seu emprego como medicação adjuvante em diferentes terapias.”

Leia também: A Sony tem muito a ganhar com a série “The Last Of Us”; entenda

Bonzinho, mas nem tanto

Apesar de trazer benefícios para os humanos, o Cordyceps é um verdadeiro pesadelo para insetos e outros artrópodes. Em formigas, aranhas e outros pequenos animais, o fungo invade o corpo do hospedeiro, toma o controle de seu sistema nervoso e o consome por dentro. Depois, brota para fora do cadáver, como se estivesse “nascendo” da vítima. É esse comportamento macabro – e real – que inspirou a produção da HBO.

The post Fungo assassino de “The Last of Us” vale mais que Bitcoin e serve até como viagra appeared first on InfoMoney.

Leia mais

Publicidade