Morre, aos 89 anos, o escritor Mario Vargas Llosa

Publicado em 13/04/2025 · Categoria: Política

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O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do PrĂȘmio Nobel de Literatura, morreu neste domingo, 13, aos 89 anos, em Lima.

Um dos filhos do romancista peruano, Álvaro Vargas Llosa, confirmou a informação nas redes sociais. “Com profunda dor, tornamos pĂșblico que nosso pai faleceu hoje em Lima, cercado por sua famĂ­lia e em paz”, escreveu.

A morte do autor encerra um dos capítulos mais importantes da literatura de língua espanhola no século 20 e 21.

Quem foi Mario Vargas Llosa

Desde sua estreia literĂĄria com Os Chefes, em 1959, Vargas Llosa construiu uma obra densa, crĂ­tica e humana. Com A Cidade e os CĂŁes (1963), expĂŽs a brutalidade militar em colĂ©gios internos do Peru, rompendo tabus e escancarando realidades. TrĂȘs anos depois, A Casa Verde o consolidaria como um autor de projeção internacional, levando-o ao patamar de Ă­cone da literatura hispano-americana.

Sua obra-prima Conversa na Catedral (1969) Ă© considerada uma das mais importantes da literatura do sĂ©culo passado, ao dissecar a corrupção polĂ­tica e moral de seu paĂ­s natal. Com A Festa do Bode, Vargas Llosa expĂŽs as entranhas do regime de Rafael Trujillo na RepĂșblica Dominicana, reafirmando seu compromisso em usar a literatura como denĂșncia e reflexĂŁo.

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Mesmo aos 80 anos, seguia ativo. Lançou tĂ­tulos como O HerĂłi Discreto e Tempos Ásperos, este Ășltimo sobre os bastidores da intervenção norte-americana na Guatemala, que lhe valeu o PrĂȘmio Francisco Umbral de Romance.

Ao longo da vida, suas obras foram traduzidas para mais de 30 idiomas, rendendo-lhe prĂȘmios como o Cervantes, o PrĂ­ncipe de AstĂșrias das Letras, o RĂłmulo Gallegos, o Nacional de Novela do Peru, entre outros.

Da utopia Ă  desilusĂŁo: o pensador polĂ­tico

Inicialmente seduzido pela Revolução Cubana, Vargas Llosa rompeu com Fidel Castro depois do cĂ©lebre “Caso Padilla”, quando o regime obrigou o poeta Heberto Padilla a fazer uma autocrĂ­tica pĂșblica humilhante. De lĂĄ para cĂĄ, passou a se posicionar contra ditaduras e tornou-se um defensor fervoroso da democracia liberal.

Sua incursĂŁo na polĂ­tica foi alĂ©m da teoria. Em 1990, lançou-se candidato Ă  PresidĂȘncia do Peru, liderando as pesquisas, atĂ© ser derrotado por Alberto Fujimori. O episĂłdio marcou uma reviravolta: “Foi um erro ter saĂ­do da literatura”, reconheceria anos depois.

Naturalizado espanhol em 1993, tornou-se voz influente tambĂ©m na Europa. Nos Ășltimos anos, atacou duramente o populismo, a quem atribuĂ­a o retrocesso das democracias contemporĂąneas.

Um homem de paixÔes e rupturas

Vargas Llosa teve uma estreita relação — e uma ruptura abrupta — com Gabriel GarcĂ­a MĂĄrquez, outra lenda da literatura latino-americana. O motivo da briga permanece envolto em mistĂ©rio. Quando interpelado, respondeu com secura: “Deixe que os biĂłgrafos cuidem disso”.

AtĂ© seu Ășltimo dia, manteve-se fiel Ă  palavra e Ă  escrita. Enfrentava o mundo com livros, ensaios e discursos — ora incĂŽmodos, ora provocativos, sempre instigantes.

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