Bolsa Família: 7 milhões recebem o benefício há pelo menos 10 anos

Publicado em 13/04/2025 · Categoria: Política

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Dos mais de 20 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família em fevereiro de 2025, cerca de 7 milhões recebem o benefício há pelo menos dez anos — o que representa quase 35% do total. O levantamento, divulgado neste domingo, 13, é do site Poder360.

A disparidade regional é marcante. O Nordeste lidera o ranking da dependência de longo prazo, com 38,8% das famílias beneficiárias nessa situação — o equivalente a 3,7 milhões de lares. Na sequência, aparecem o Norte (33,7%), Sul (29,5%), Sudeste (29,1%) e Centro-Oeste (26,9%).

O Nordeste lidera o ranking da dependência de longo prazo, com 38,8% das famílias beneficiárias nessa situação | Foto: Reprodução/Poder360
O Nordeste lidera o ranking da dependência de longo prazo, com 38,8% das famílias beneficiárias nessa situação | Foto: Reprodução/Poder360

No recorte estadual, o destaque negativo é Alagoas, onde 42,7% dos inscritos recebem o benefício há pelo menos uma década. Outros quatro Estados nordestinos — Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão — também ultrapassam os 40% nesse critério.

Já o Distrito Federal, com apenas 3,1% dos beneficiários em situação de dependência longa, apresenta o menor índice nacional, possivelmente reflexo de uma economia local mais robusta.

Já o Distrito Federal, com apenas 3,1% dos beneficiários em situação de dependência longa, apresenta o menor índice nacional | Foto: Reprodução/Poder360
Já o Distrito Federal, com apenas 3,1% dos beneficiários em situação de dependência longa, apresenta o menor índice nacional | Foto: Reprodução/Poder360

O paradoxo da assistência: proteção ou acomodação?

Embora o governo federal alegue que a legislação não define limite de tempo para permanência no programa, há iniciativas voltadas à transição dos beneficiários para fora do Bolsa Família, como a chamada “Regra de Proteção” — um mecanismo que permite a manutenção parcial do auxílio por até 24 meses depois do aumento de renda da família.

Contudo, os dados sugerem que esse tipo de política tem sido insuficiente para romper o ciclo de pobreza de milhões de brasileiros.

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“A partir de 2022, não apenas aumentou o valor do Bolsa Família como cresceu o número de beneficiados”, observa Rodolpho Tobler, pesquisador do Ibre-FGV, responsável pela Sondagem do Mercado de Trabalho. “Não faz sentido para uma pessoa sair de casa para trabalhar oito horas por dia e ganhar um salário mínimo que, tirando impostos e descontos, é apenas um pouco a mais do que obtém do governo sem fazer esforço.”

Em reportagem publicada na Edição 261 da Revista Oeste, o repórter especial Carlo Cauti mostra como a acomodação de parte considerável da força de trabalho e a predileção por empregos informais — como bicos ou trabalhos temporários, em que não há incentivo para melhorar a qualificação — reduzem a capacidade de geração de riqueza no sistema econômico como um todo. Clique aqui para saber os detalhes.

“Essa situação também drena recursos dos cofres públicos e não contribui em nada para a arrecadação de Imposto de Renda e Previdência”, observa Cauti. “Por causa do excesso de programas sociais, o Brasil está se tornando mais pobre, menos produtivo e mais atrasado.”

Os recordistas do Bolsa Família

A análise por municípios expõe outro dado alarmante: 576 cidades brasileiras têm metade ou mais de seus beneficiários no programa há dez anos ou mais, o que representa 10,3% do total de municípios do país. Em 2.687 cidades, esse porcentual é de 40% ou mais. Em contrapartida, apenas 574 municípios apresentam menos de 10% dos beneficiários nessa condição.

Em 2.687 cidades, esse percentual é de 40% ou mais. Em contrapartida, apenas 574 municípios apresentam menos de 10% dos beneficiários nessa condição | Foto: Reprodução/Poder360
Ao todo, em 2.687 cidades, esse percentual é de 40% ou mais. Em contrapartida, apenas 574 municípios apresentam menos de 10% dos beneficiários nessa condição | Foto: Reprodução/Poder360

Esse retrato aponta para zonas de concentração crítica da pobreza estrutural, onde o assistencialismo prolongado parece ter substituído — sem sucesso — as políticas de geração de emprego, qualificação e incentivo à formalização.

“O custo para o Brasil é gigantesco”, explica o economista Gilberto Braga, professor no Ibmec-RJ. “É preciso começar a analisar qual é o retorno desses gastos para o país no médio e no longo prazo. Está cada vez mais claro que esses programas têm um custo relativo grande. No mínimo, está na hora de aperfeiçoá-los.”

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