Eduardo Bolsonaro diz que “direita permitida” não atende anseio popular
Publicado em 17/06/2025 · Categoria: Política
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu à militância bolsonarista que continue defendendo a elegibilidade de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A declaração foi feita durante entrevista ao canal Estúdio 5° Elemento no YouTube no domingo (15.jun.2025). Aliados interpretaram as falas como uma crítica indireta ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sido apontado como possível candidato à Presidência em 2026.
“Eu não sei ainda se no Brasil as pessoas entenderam. Sem Bolsonaro, com Bolsonaro condenado, a gente não vai ter uma eleição normal no Brasil. A gente vai ter uma eleição onde, no máximo, poderá ser eleita uma ‘direita permitida’, o que fica longe de atender aos anseios populares, o que significa dizer que o establishment ainda seguirá dando as cartas no Brasil”, afirmou Eduardo durante a conversa.
O deputado disse ainda que não está “querendo cair na porrada com ninguém agora“. Segundo ele, em caso de sucesso político, “aliados de ocasião vão querer se aproximar para tirar proveito eleitoral e, no dia seguinte, virarão as costas“.
Na entrevista, que durou cerca de uma hora e meia, Eduardo foi questionado sobre governantes que recebem aprovação do mercado financeiro.
Quando perguntado se era necessário “desconfiar” de quem o mercado “anda elogiando demais“, respondeu: “Eu desconfiaria, né? Acho que, quando você entra na vida pública, tem que priorizar o interesse público e não deste ou daquele segmento. Ainda mais quando você assume certas posições”.
O PL, partido de Eduardo e Jair Bolsonaro, enfrenta divergências internas sobre as estratégias para 2026. Alguns dirigentes, incluindo o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, defendem uma chapa com Tarcísio de Freitas como candidato a presidente e Michelle Bolsonaro como vice.
Ao comentar sobre a possível fragmentação do campo da direita, com diferentes nomes surgindo como potenciais candidatos em um cenário sem Jair Bolsonaro, Eduardo afirmou: “As pessoas que pensam diferente do Bolsonaro, que acham que ele é uma página virada, ainda não têm conforto para dizer isso abertamente e serem eleitas. Elas sabem que precisam de Bolsonaro para sua eleição”.
O deputado licenciado disse também que “o que pode ocorrer é uma torcida para que o Bolsonaro esteja fora do jogo, para que isso abra caminho para essa, entre aspas, nova direita. Mas acho que, cada vez mais, você vai depurando”.
Embora Eduardo defenda a candidatura do pai nas próximas eleições presidenciais, ele disse que durante a entrevista “há uma pequena possibilidade” de ser candidato à presidência. O deputado disse ainda que “toparia o desafio”, evidenciando que já teve conversas com Bolsonaro neste sentido: “ele nunca me desautorizou”, concluiu.
Deputado licenciado
O deputado está nos EUA desde março, quando oficializou seu pedido de licença da Câmara dos Deputados. À época, disse que se mudou para o país para “buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos”. Por ter se afastado do cargo, Eduardo não recebe salário.
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse recentemente ter enviado R$ 2 milhões para o deputado se manter nos Estados Unidos com a família.
A licença solicitada por Eduardo é de 120 dias. Depois do prazo, ele terá de voltar ao Brasil ou pode perder o mandato. Questionado, Bolsonaro disse, porém, que não há previsão de que o congressista retorne ao país.
Em declarações recentes, Eduardo afirmou que só retornará ao Brasil quando o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes for sancionado pelos EUA.
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