Europa teve maior nº de enchentes em mais de 1 década, diz estudo
Publicado em 15/04/2025 · Categoria: Política
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A Europa teve o maior número de enchentes registradas em mais de 1 década durante o ano de 2024. Segundo um relatório sobre mudanças climáticas divulgado pelo C3S (Serviço de Mudança Climática Copernicus), quase ⅓ dos rios europeus inundaram durante o período.
O C3S detalhou que tempestades e enchentes afetaram aproximadamente 413 mil pessoas em 2024, além de resultar em ao menos 335 mortes. O prejuízo causado por inundações no continente é estimado em 18 bilhões de euros. Eis a íntegra do relatório (PDF – 44 mB).
Segundo o instituto, 30% dos rios europeus registraram níveis que ultrapassam o limite de risco alto de enchentes, enquanto 12% dos cursos de água ultrapassaram o nível severo de risco de inundações. Estes percentuais representam o maior valor desde 2013 e o 5º maior desde 1992.
O aumento das enchentes, de acordo com o CS3, está diretamente relacionado a uma crescente nas chuvas observadas em todo o continente europeu, mas especialmente no oeste e na região central europeia, além do Reino Unido. Nestas áreas, o risco de inundações aumentou, em média, 11% por década, entre 1960 e 2010.
Além disso, ainda conforme o relatório, as últimas 3 décadas registraram o maior número de enchentes dos últimos 500 anos.
Por outro lado, o leste e o sul da Europa observaram queda de 23% por década no risco de enchentes no mesmo período. Tendências climáticas e regionais observadas pelo instituto apontam que o risco de enchentes deve continuar aumentando no oeste e no centro da Europa e reduzindo no leste e sul.
ENCHENTES EM VALÊNCIA
Um período prolongado de chuvas em Valência, no sudeste da Espanha, causou condições catastróficas e enchentes que deixaram ao menos 232 mortos, entre o final de outubro e o começo de novembro de 2024.
O C3S explicou que o que causou a tempestade foi um sistema de baixa pressão atmosférica, criado a partir de ar quente e úmido oriundo do Mar Mediterrâneo que foi levado para a costa espanhola. Em 29 de outubro, foram registrados 720,4 mm de precipitações em 12 horas em Valência, recorde absoluto para o período.
Em 29 de outubro, o acumulado de chuva observado pela estação Mas de Calabarra, na cidade de Turís, a cerca de 40 km de Valência, chegou a 771,8 mm, o maior registrado desde 1987, quando um fenômeno semelhante ocorreu no estado espanhol.
As chuvas causaram inundações severas nos rios Turia e Júcar, que atingiram a cidade de Valência, deixando um rastro de destruição. O prejuízo total, conforme o C3S, é estimado em 16,5 bilhões de euros.
O premiê espanhol, Pedro Sánchez (Psoe, esquerda), anunciou, em 11 de novembro, um pacote de 3,8 bilhões de euros em ajuda às regiões afetadas pelas enchentes. O auxílio se somou aos 10,6 bilhões de euros que já haviam sido enviados pelo governo espanhol às vítimas das tempestades.
Sánchez disse que o montante será destinado a reconstrução das áreas afetadas, remoção de entulhos, proteção da renda dos trabalhadores e alívio nas contas de hipoteca por 12 meses. O governo espanhol recebeu críticas da população em relação às medidas de contenção.
TEMPESTADE BORIS
A tempestade Boris causou a inundação de rios na Europa que resultaram em pelo menos 21 mortes. Segundo autoridades, 7 pessoas morreram na Romênia, 6 na Polônia, 5 na Áustria e 3 na República Tcheca.
Na República Tcheca, mais de 60.000 casas ficaram sem eletricidade. Na Áustria, a região da Baixa Áustria foi declarada como zona de desastre (área afetada por um evento catastrófico), e comunidades inteiras ficaram isoladas e sem acesso a serviços básicos.
De acordo com o C3S, a tempestade foi causada pela evaporação de grandes quantidades de umidade na atmosfera, por causa das temperaturas acima da média observadas no mês de setembro em países do leste europeu somadas às temperaturas do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro. Alemanha e Itália também foram atingidas e registraram enchentes em rios.
O instituto explicou que a tempestade Boris ficou presa entre áreas de alta pressão atmosférica, o que fez com que Alemanha, República Tcheca, Polônia e Romênia sofressem com volumes de chuvas equivalentes a 3 meses durante apenas 5 dias, entre 12 e 16 de setembro.
Inundações foram registradas em cerca de 8,5 mil km de rios nos países da Europa central. Rios como o Danúbio -maior da Europa central, com cerca de 2.850 km de extensão-, o Elba e o Óder foram afetados.
