Fim do status de refúgio? Títulos do Tesouro dos EUA dão sinal perigoso a Trump
Publicado em 11/04/2025 · Categoria: Economia

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Considerados por Wall Street como tão seguros que seriam livres de risco, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos sempre foram o refúgio preferencial dos investidores em momentos de pânico. Eles se valorizaram durante a crise financeira global, após os atentados de 11 de setembro e até quando a nota de crédito do país foi rebaixada.
Agora, porém, com o presidente Donald Trump intensificando sua ofensiva contra o comércio global, esse status está cada vez mais em xeque.
Os juros, especialmente nos papéis de longo prazo, dispararam nos últimos dias, enquanto o dólar desabou. Mais preocupante que isso é o padrão dos movimentos recentes de mercado. Investidores venderam maciçamente Treasuries de 10 e 30 anos — derrubando os preços e elevando os rendimentos — ao mesmo tempo em que liquidaram ações, criptomoedas e outros ativos de risco. O oposto também se observou: quando os mercados subiram, os títulos subiram junto.
Em outras palavras, os Treasuries estão sendo negociados como se fossem ativos arriscados. Ou, como disse o ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers, “como dívida de país emergente”.

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Mesmo que essa dinâmica se dissipe com a eventual normalização da volatilidade nas ações, como muitos analistas preveem, o recado a Washington já foi dado: a confiança dos investidores nos títulos dos EUA não pode mais ser presumida — não depois de anos de endividamento crescente e com um presidente disposto a reescrever as regras internas e externas, em confronto direto com alguns dos principais credores do país.
Isso tem implicações relevantes para o sistema financeiro global. Como ativo “livre de risco”, os Treasuries servem de referência para precificação de ações, títulos soberanos e hipotecas, além de serem usados como garantia em trilhões de dólares em operações de crédito diárias.
“Títulos do Tesouro e o dólar tiram sua força da percepção global sobre a competência da gestão fiscal e monetária americana e da solidez das instituições políticas e financeiras dos EUA”, afirmou Jim Grant, fundador da newsletter Grant’s Interest Rate Observer. “Talvez o mundo esteja repensando isso.”
Na quinta-feira, ações, títulos e o dólar caíram ao mesmo tempo, alimentando preocupações com uma saída generalizada de capital estrangeiro dos ativos americanos. O juro dos Treasuries de 30 anos saltou 13 pontos-base, para 4,87%, enquanto o dólar teve a maior queda em uma década frente ao euro e ao franco suíço.
“Os Treasuries não estão se comportando como porto seguro”, disse Padhraic Garvey, estrategista do ING. “Se entrarmos em recessão, há espaço para os rendimentos voltarem a cair. Mas, no momento, os Treasuries estão sendo vistos como um produto contaminado — e isso é desconfortável. Também se tornaram uma operação dolorosa.”
A situação chegou a tal ponto que os Treasuries nunca perderam tanto espaço para os títulos alemães como nesta semana. Os bunds têm se tornado a escolha preferida de gestores em busca de proteção longe dos EUA.
Na quarta-feira, a pressão vendedora sobre a dívida americana foi tão intensa que alguns estrategistas chegaram a cogitar uma intervenção do Federal Reserve para estabilizar os mercados. Ao anunciar o adiamento de algumas tarifas, Trump afirmou estar acompanhando os mercados e notou que “as pessoas estavam começando a ficar um pouco enjoadas”.
“O mercado de títulos agora está lindo”, disse ele, apesar do caos em curso.
Para Simon White, estrategista macro, “os Treasuries estão perdendo seu status de porto seguro. O capital está saindo dos EUA em ritmo crescente, à medida que o dólar perde força como moeda de reserva, e o risco de recessão aumenta a probabilidade de um déficit fiscal de dois dígitos, com potencial inflacionário.”
Nem todos, no entanto, estão convencidos de que os investidores perderam a fé na segurança da dívida americana.
Benson Durham, chefe de alocação global de ativos da Piper Sandler e ex-economista do Federal Reserve, conduziu sua própria análise comparando indicadores-chave do mercado de Treasuries com os da Europa. Segundo ele, algumas métricas sugerem que os investidores exigiram menor prêmio de risco para manter títulos dos EUA em relação aos papéis do Reino Unido e da Alemanha nos últimos dias.
“As pessoas estão certas em se preocupar”, disse um gestor da BlackRock Inc. “Esse é o regime de renda fixa em que estamos agora.”
©2025 Bloomberg L.P.
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